Covid-19: Infectados podem recuperar o hábito de exercícios físicos

Acadêmico de Educação Física da URI/FW desenvolveu estudo sobre a recuperação física de pessoas que tiveram coronavírus

Frederico Westphalen
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Isabela Vanzin da Rocha
27/07/2021

A Covid-19, doença respiratória que levou a óbito milhões de pessoas em todo o mundo, também deixou um histórico de sequelas nos que se infectaram e conseguiram se recuperar. Por ser uma enfermidade cujas características ainda estão sendo descobertas pelo ser humano, ainda é difícil controlar como o vírus age no sistema.

Entre alguns dos distúrbios que podem ocorrer no paciente infectado, além das sequelas respiratórias, estão arritmias cardíacas, distúrbios do músculo estriado cardíaco, lesão renal aguda, distúrbios de coagulação, incluindo coágulos sanguíneos em vasos pequenos e grandes, entre outros.

As sequelas costumam aparecer com frequência em idosos e obesos. As complicações nos idosos são comuns, porque com o avanço da idade ocorre uma redução da função pulmonar que causa um prejuízo da integridade dos pulmões, comprometendo a capacidade dos idosos de combater infecções respiratórias, resultando em uma maior susceptibilidade a doenças pulmonares. Esse declínio da função independe de exercícios físicos e está relacionado ao avanço da idade da pessoa.

As complicações nos obesos se dão pelo fato de que as proteínas em que o vírus se multiplica no organismo, são encontrados também nas células adiposas. Desta forma, o vírus consegue se instalar e afetar ainda mais sistemas.

Portanto, torna-se de extrema importância o acompanhamento de um profissional da Educação Física para a prescrição de exercícios, com a finalidade de restabelecer um padrão de saúde às pessoas que ficaram com sequelas de Covid-19.

 

Estudo

Segundo o estudo “Prescrição de Exercício para pessoas que tiveram COVID-19”, do estudante Eduardo Jesus, do curso de Educação Física da URI/FW, orientado pelo professor Luciano Panosso, a partir de uma análise do estado físico do paciente é possível iniciar a prescrição de exercícios. “A avaliação é importante para que o profissional possa conhecer a pessoa e saber de seu histórico com a prática de exercícios, para posterior prescrição. Nos casos de pós-Covid, ela se torna ainda mais importante, pois o profissional de Educação Física deve saber qual foi o impacto da doença na vida do infectado”, relata Eduardo Jesus.

O acadêmico aborda também a importância de conhecer o histórico de tratamento do infectado pelo novo coronavírus, por exemplo, se foi feito em casa, se precisou hospitalização ou teve a necessidade de internação na ala de Unidade de Tratamento Intensivo. Também é necessário saber das dificuldades diárias e sinais de sintomas que ainda apresenta e qual a motivação para buscar a ajuda profissional e iniciar o programa.

De acordo com dados do trabalho, a avaliação se tornou extremamente importante para pessoas que tiveram a infecção pela Covid-19, pois existe a possibilidade de 206 sintomas diferentes quando infectado, e aproximadamente 65 destes sintomas irão aparecer nos sete meses após infecção. Em média, 92% das pessoas infectadas irão apresentar nove destes sintomas nos sete meses após infecção.

 

Depois da análise do estado físico do paciente, é importante seguir as prioridades para prescrição, que são restabelecer a força muscular, trabalhar a flexibilidade, equilíbrio e mobilidade e, por fim, aeróbio. Como a doença ainda é novidade, não existem diretrizes exatas a serem seguidas.

 

Indicações

Para pessoas com sintomas leves recomenda-se exercícios de alongamento e treino de força de baixa intensidade, antes das sessões de treinamento aeróbio. Para assintomáticos, as atividades devem ser mantidas normalmente, apenas observando a sudorese e a fadiga. O monitoramento das variáveis, como número de séries, tempo da prática e de descanso, devem ser feitos através de observações das necessidades e dos sinais de intolerância ao esforço do aluno, como muita fadiga, perda da coordenação motora, espasmos musculares, alta sudorese e náuseas.

O profissional de Educação Física se tornou ainda mais importante neste período de pandemia. O decreto 40.824, de 25 de maio de 2020, considera como essencial a atividade exercida pelo profissional desta área da saúde. Antes, os educadores físicos eram procurados, na maioria das vezes, por questões estéticas e, em alguns casos, por recomendação médica. Agora, são cada vez mais procurados com a finalidade de retomar o padrão de saúde de quem foi infectado pela Covid-19 e que tiveram alguma sequela ou pelos que não tiveram sequelas, mas querem promover a sua saúde.