Professora da Escola da URI participa de caravana a Moçambique, na África
Sibele Magalhães integra o projeto Arte Sem Fronteiras que contribui para o desenvolvimento humano, por meio da inclusão através da arte, educação, cultura e geração de renda

Com o intuito de ajudar pessoas em vulnerabilidade social, a professora da Escola de Educação Básica da URI/FW, Sibele Magalhães, esteve em Moçambique, na África, entre os dias 25 de agosto a 5 de setembro. A docente, acompanhada por uma comitiva de outros brasileiros, desenvolveu o projeto voluntário Arte Sem Fronteiras, criado em 2017, em Moçambique, na Organização Humanitária Fraternidade sem Fronteiras. A iniciativa foi idealizada e é coordenada pela artista visual e pesquisadora em arte e humanização, Valéria Pinheiro, que desenvolve projetos de arte educação e artesanato em comunidades de baixa renda no Brasil e na África.
Para ajudar as pessoas visitadas, os pais dos alunos da escola doaram roupas, calçados e brinquedos, e as crianças da escola também escreveram cartas. A ajuda humanitária que chega na África, por meio de muitas mãos fraternas, é o que garante que centenas de pessoas tenham o que comer. Moçambique está entre 16 países com alto risco de apresentar níveis crescentes de fome aguda, diante de um cenário global apontando novos recordes nos níveis de insegurança alimentar, de acordo com o relatório da Organização das Nações Unidas (ONU). O número de pessoas que enfrentam uma crise ou emergência alimentar pode ter chegado a 1,7 milhão.
- Essa realidade é transformada por meio do trabalho humanitário. A nossa união muda a realidade da população local. Hoje, através do Arte Sem Fronteiras, já estamos presentes em mais de 30 aldeias com nossos centros de acolhimento. A nossa missão é, além de doar alimentos e assistência, oferecer instrumentos para que os acolhidos ganhem autonomia e levem a missão fraterna mais longe – descreve Sibele.
A missão do projeto Arte Sem Fronteiras é contribuir para o desenvolvimento humano na comunidade que está inserido por meio da inclusão através da arte, educação, cultura e geração de renda.
A professora da escola da URI/FW descreve sua experiência e aprendizado durante o percurso. “Viajamos em 16 pessoas a um Continente desconhecido para mim, mas que me foi apresentado pela vida, pela história, pela música e pelas artes, além claro, pelo sofrimento imposto pelas agruras da vida. Poderia aqui relatar só tristezas, faltas, ausências, lutas e desumanidades, mas eu vi tanta beleza. Chorei tanto e agradeci mais ainda. Fui com a impressão de que não conseguiria contribuir com nada através da minha profissão, que só aprenderia com eles sobre a música e a dança. E estava certa. A minha música e minha concepção ocidental branca foi absorvida pela música que nasce com eles”, relata Sibeli.
Para aproveitar o talento da professora, a líder da caravana Valéria Pinheiro solicitou a Sibeli que organizasse o canto coral e as aulas de flauta doce com as crianças e adolescentes, pois haviam recebido uma doação de instrumentos que nunca utilizaram. “Realizei o pedido, mas tudo foi além. A alegria com que vivem, cantam dançam e sorriem ultrapassa qualquer expectativa de encontrá-los abatidos pela fome, pela falta de água e comida, pela ausência das chuvas e tudo que temos em nosso Brasil e, muitas vezes, não reconhecemos os ciclos da natureza, pois em todo tempo reclamamos das chuvas, do sol, do pólen, da falta disto ou aquilo”, conta.
A docente assegura que as crianças lhe mostraram que o sorriso ajuda a viver melhor. “Os adolescentes me ensinaram a ter esperança em um mundo melhor. Os adultos me revelaram que a resiliência faz a vida prosseguir a cada amanhecer, que o novo dia pertence a Deus, e as alegrias e tristezas virão independentes do nosso querer. Todo sofrimento que vi e chorei escondida lá não supera a satisfação em conviver 10 dias com eles. A alegria em nos receberem e compreenderem nosso pequeno papel na vida de cada um, as orações diárias a Deus, os agradecimentos pelas cestas básicas – doadas por nós voluntários e amigos do Brasil em uma união de esforços e verbas –, os sorrisos das crianças e adultos em receber uma peça de roupa doada pelas famílias da Escola da URI, um prato de comida com um pouco de feijão e ‘chima’, tudo foi recebido com sorriso”, frisa a professora.
- Um amigo, aluno do curso de Psicologia da URI, também foi conosco e em um depoimento disse estar “totalmente desorganizado por dentro”, após viver esta experiência humana. Eu, professora Sibele empresto estas palavras dele e também me sinto assim: desorganizada em reconhecer quem eu sou no mundo. Foram tantas as experiências que desejo muito voltar lá em 2026. Peço a Deus esta oportunidade para que possa abraçá-los novamente e tentar mais uma vez contribuir com tão pouco, mas me aproximar de Deus a cada vez que vejo um sorriso, um agradecimento e a certeza que Deus não os abandonou – salienta Sibeli.
Pela experiência vivida, a professora pede que as pessoas conheçam a causa, sensibilizem seus corações ao próximo, aprendam a dividir o que recebemos de Deus através do nosso trabalho diário. “Apadrinhem o projeto Acolher Moçambique ou qualquer outro que existe na Fraternidade Sem Fronteiras. Conheçam o projeto existente em nossa cidade chamado Arte Sem Fronteiras que atende pessoas em vulnerabilidade social, emocional, financeira. Se não ensinarmos a paz às nossas crianças o mundo nunca vai ter paz e justiça”, acredita a educadora.
Como ajudar
Por meio do Arte Sem Fronteiras os voluntários acreditam que a arte educação pode formar e transformar a vida desses indivíduos, proporcionando uma vida mais digna.
Apadrinhamento: Você pode fazer uma contribuição mensal com o valor que quiser, por meio de boletos ou agendamento de ajuda.
Doação única: Você pode fazer uma doação da quantia que puder.
Voluntariado: Os interessados podem ajudar a ampliar os projetos sendo voluntários.
Campanha: Você pode promover uma campanha para arrecadar valores ou materiais para os projetos
Caravana: O Arte Sem Fronteiras tem caravanas que vão fazer trabalho voluntário na África (Organização humanitária Fraternidade Sem Fronteiras) e em outras regiões do Brasil.
Comprar obras e souvenirs: As obras originais vendidas da artista Valéria Pinheiro tem 20% do valor doado pela artista para o ASF. Os souvenirs desenvolvidos a partir das obras da artista são totalmente doados ao ASF.
Contratar palestras da Arte Sem Fronteiras: A idealizadora e coordenadora desenvolve uma pesquisa e estudos sobre humanização, cura e transformação pela arte e faz palestras para escolas, universidades, cooperativas, empresas, associações, entidades e outros. O intuito da palestrante é levantar questões, para que seja possível reconhecer essas dores e buscar construir um mundo melhor e mais digno a todos. Valéria já proferiu palestras para milhares de pessoas no Brasil e fora do país.