Conhecimento que salva vidas

Conheça a história da enfermeira Angela Candaten, formada na URI/FW, que atuou na linha de frente do combate à pandemia de Covid-19

Frederico Westphalen
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Isabela Vanzin da Rocha
01/06/2022

A história de Angela Enderle Candaten na URI, Câmpus de Frederico Westphalen, iniciou em 2005. Na época, a então vestibulanda se classificou em primeiro lugar no processo seletivo da universidade para o curso de Enfermagem, no qual se matriculou e cursou como bolsista do Programa Universidade Para Todos (Prouni). Durante a graduação, participou de diversos projetos de pesquisa e extensão, desenvolvendo atividades junto à comunidade de Frederico Westphalen e região.

Entre os projetos, Angela conta que um grande destaque foi uma série de programas de rádio, intitulados “Conversando sobre saúde”, que promovia a divulgação de informações sobre saúde para a comunidade, entre os anos de 2007 e 2009. Neste projeto, era possível dialogar com a população acerca de temas relevantes à saúde comunitária.

Angela explica que sua escolha pela área da saúde e, especialmente, pela Enfermagem, se deu justamente pela admiração que sempre teve pelos profissionais da área e pelo trabalho que desempenhavam na comunidade em que ela cresceu. “Admirava aquelas mulheres corajosas, e falo assim pois a profissão é majoritariamente feminina, que atuavam mesmo com recursos limitados e acesso difícil aos grande centros de saúde e que seguiam firmes no seu propósito de cuidar. Eu cresci vendo técnicos de enfermagem e enfermeiros lutando pelo seu espaço e essa luta me motivava. Decidi estudar na URI, pois a universidade é próxima da minha cidade natal, Palmitinho/RS, e recebi todo o suporte necessário por ser uma instituição que disponibiliza bolsas e possibilidades de financiamento estudantil”, explica. Ainda durante a vida universitária, Angela foi membro do Diretório Central dos Estudantes, representando os acadêmicos na luta pelo seu espaço de mobilização social. Também participou do Coral da URI por cinco anos, convivendo com artistas que dividiam o seu dom com a comunidade. Na oportunidade, participou da gravação do 1º DVD do Coral da URI.

Segundo a enfermeira, os conteúdos que aprendeu na URI/FW sempre tiveram grandes características humanísticas. “O ensino da URI sempre foi voltado às necessidades humanas. Recordo-me dos meus professores dizendo: ‘vocês estão aqui para se tornarem cidadãos melhores, além da formação profissional’. As teorias da Enfermagem, por si só, são de natureza humanística. Desde o início da graduação, éramos estimulados a participar das reuniões dos Conselhos Municipais de Saúde, onde exercíamos nossa cidadania na busca pelos interesses da comunidade, participávamos de agendas com secretários de Saúde e enfermeiros gestores para a elaboração de Planos Municipais de Saúde, mapeamento diagnóstico das áreas de maior vulnerabilidade social, capacitação e instrumentalização de agentes comunitários de saúde, mutirões de saúde pelos bairros de Frederico Westphalen e região, entre tantas outras ações. Nosso compromisso durante nossas práticas, era estar junto à população e torná-la participativa e proativa na promoção da saúde”, lembra.


Vida profissional

Assim que concluiu a graduação, Angela participou de processo seletivo na URI para atuar como Enfermeira Supervisora dos estágios curriculares. Este foi seu primeiro emprego. Em 2010, na busca por aprimoramento e novas oportunidades profissionais, atuou no Hospital Municipal de Montenegro/RS, no setor de Urgência e Emergência. No ano seguinte, 2011, iniciou sua caminhada na Terapia Intensiva no Hospital Pompéia em Caxias do Sul/RS, onde permaneceu por sete anos. Lá, atuou também como docente do curso de Enfermagem da Faculdade da Serra Gaúcha.

Em 2017, após ser aprovada em concurso público, iniciou sua carreira como servidora pública federal no Hospital de Clínicas em Porto Alegre/RS. Durante os 13 anos após a conclusão da graduação, Angela sempre procurou evoluir na carreira acadêmica. Concluiu três especializações: Urgência e Emergência, Terapia Intensiva e Gestão Pública e Hospitalar, se tornou Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em 2015, e, recentemente, em 2021, concluiu o Doutorado em Ciências da Saúde pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

Atualmente, é enfermeira intensivista e atua no Centro de Terapia Intensiva Adulto do Hospital de Clínicas em Porto Alegre. Ela conta que a URI teve um papel fundamental na sua trajetória acadêmica e também na formação pessoal. Na URI, Angela teve seu primeiro contato com a pesquisa e desenvolveu seu fascínio pela educação, o que a fez seguir na academia e buscar pelo Doutorado, além de também ter tido sua primeira experiência profissional. A enfermeira comenta que, devido aos seus estudos na URI, pode desenvolver uma boa bagagem teórica e comunitária, o que a fez querer continuar a busca pela concretização de seus sonhos.

Por atuar em um hospital universitário, Angela tem contato direto com profissionais em formação, contribuindo com a transmissão de conhecimentos e instruções a esses futuros agentes da saúde. “Hoje, tenho a oportunidade de compartilhar minhas experiências profissionais com acadêmicos em tempo integral e auxiliar na formação deles para que sejam ‘devolvidos à sociedade’ para fazer a diferença na vida de outras pessoas”, frisa.


Atuação no combate à pandemia

Durante os momentos intensos da pandemia de Covid-19, Angela esteve na linha de frente do combate ao vírus, atuando diretamente na assistência de pacientes graves. Conforme  ela, a pandemia foi uma experiência que divide sua trajetória profissional em antes e depois. 

- Nenhum de nós, trabalhadores da linha de frente, será o mesmo após tudo o que vivenciamos nesse período. O Hospital de Clínicas de Porto Alegre tornou-se referência no Estado para o tratamento de casos graves, nosso serviço de terapia intensiva foi expandido como jamais imaginaríamos. Antes da pandemia, contávamos com 40 leitos de UTI distribuídos em três unidades. Com a expansão, chegamos a 135 leitos distribuídos em 13 UTIs. Capacitamos em tempo recorde - pois não havia tempo a perder -, aproximadamente 800 profissionais de Enfermagem. Participei da abertura da primeira UTI Covid do Estado”, recorda.

Segundo a enfermeira, foram dias intermináveis de muito estudo e planejamento, construção de novos fluxos de atendimento e outras assistências importantes. “Era uma carga de trabalho imensa misturada com o gerenciamento das nossas próprias emoções e inseguranças. Jamais imaginei presenciar o caos, jamais imaginei gerir o caos, mas ele veio. A única coisa que eu pensava era: eu escolhi estar aqui, preciso seguir. Preciso fazer o possível para cumprir o meu propósito. Hoje, após dois anos atuando na pandemia, me tornei mais resiliente, mais flexível, e, principalmente, mais humana. Entendo que quando cuidamos de uma doença podemos ganhar ou perder, mas quando cuidamos de uma pessoa sempre vencemos”, ressalta.

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