“Dedicação, amor e o seu brilho pela pesquisa”

Professora Luana, como foi a construção do seu trabalho como orientadora?

A Larissa foi uma das minhas primeiras orientandas de Mestrado em Letras e, como a primeira formação dela é em Jornalismo, procuramos desenvolver um trabalho que pusesse em diálogo as duas áreas, o que foi interessante por vários aspectos. E um deles é o da interdisciplinaridade, que deve ser uma proposição de estudos no contexto atual e uma busca de todos na pós-graduação, pois vivemos em um momento em que diversos saberes devem ser acionados para compreensão de uma só situação-problema. Nesse sentido, o processo de orientação da dissertação da Larissa – que abordou a crônica produzida por um dos maiores escritores da literatura do Rio Grande do Sul, Caio Fernando Abreu – foi desafiador também, já que havia a necessidade de equilibrar dois campos de saber, indicando referenciais sólidos para cada uma das áreas envolvidas e ainda mostrando o quanto elas ficam explicitadas na produção de um gênero literário e jornalístico ao mesmo tempo. Orientar o trabalho da Larissa foi também uma forma de ampliação de meus próprios saberes. Certamente, aprendi muito com ela e com as leituras que ela mesma apontava sobre Jornalismo. A isso, alia-se a ideia de que a dissertação produzida apontou uma espécie de desbravamento, a na área de Letras, para a compreensão da crônica do autor estudado, pois, naquele ano de 2013, havia pouquíssimos estudos sobre esse gênero na literatura de Caio, o que tornou a dissertação produzida no PPGL da URI uma referência para trabalhos posteriores.

Como professora, quais as qualidades que o PPG da URI permitiu você como docente aplicar junto com ela no desenvolvimento das atividades?

O PPG em Letras da URI, por ter como área de concentração a Literatura Comparada, por si só já indica o diálogo entre áreas, o que foi de fato realizado no desenvolvimento da orientação da dissertação de Larissa. Os conhecimentos teóricos e práticos sobre o comparatismo que sempre foram didática e sistematicamente abordados ao longo das atividades do Programa, seja em disciplinas, palestras, eventos, entre outras ações, oportunizaram tanto a docentes quanto a discentes a possibilidade de pensar objetos de estudo sem limitá-los a um campo de saber. Além disso, outra qualidade do Programa manifestou-se na acolhida a estudantes com formação em Letras e áreas afins, a todos interessados em analisar discursos e textos, independentemente de sua natureza, e isso é uma oportunidade para produção de conhecimento sem fronteiras disciplinares, para se “pensar fora da caixa”, para, enfim, saber pôr em relação modos de pensar e expressar por meio da palavra. Isso, sem dúvida, é uma das grandes qualidades do PPG em Letras da URI. A proposição dessa perspectiva no PPGL, juntamente com a minha formação, foi também um dos fatores que contribuíram para o desenvolvimento de um trabalho de dissertação que mais tarde seria, pela Larissa, desdobrado em outro PPG, em outra Universidade.