Egressa da URI é a primeira indígena a assumir a vice-presidência do CRPRS

Priscila Góre Emílio Kaingang, que se formou em Psicologia em 2014, atua na Secretaria Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde

Frederico Westphalen
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Adriana Folle
20/01/2025

A Conselheira Priscila Góre Emílio Kaingang, egressa da URI/FW, assumiu a vice-presidência do Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul (CRPRS), no dia 11 de janeiro. A indígena psicóloga dos povos Kaingang, torna-se a primeira vice-presidente indígena do Conselho e também a primeira indígena vice-presidente no Sistema Conselho de Psicologia. 


Este é um marco importante para a representação e a valorização da pluriversalidade indígena dentro do sistema de Psicologia, refletindo o compromisso do CRPRS com a inclusão e a ampliação da pluriversalidade de existências, povos e culturas no âmbito profissional.


Priscila concluiu a graduação em 2014 e em março de 2015 iniciou o trabalho na (SESAI), no Polo Base Guarita, localizado na Secretaria de Saúde Indígena de Tenente Portela/RS, que abrange as Terras Indígenas Guarita e Inhacorá, além dos municípios de Tenente Portela, Redentora, Erval Seco e São Valério do Sul. “Sou uma das primeiras indígenas da Região Sul a graduar no curso e atuo há quase 10 anos como responsável pela Atenção Psicossocial do Polo Base, auxiliando as Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena com as demandas de Saúde Mental, fortalecendo ações de bem viver indígena”, explica.


A atual vice-presidente do CRPRS realiza um trabalho de matriciamento das equipes e atuação direta com a população indígena, agindo junto às mulheres e lideranças, com as pessoas mais velhas, especialistas das medicinas indígenas. “Com isso, buscamos o fortalecimento do bem viver indígena, que está ligado diretamente à saúde mental. É indispensável um trabalho que respeite a pluriversidade cultural, valorizando o conhecimento e ancestralidade indígena, as medicinas indígenas que são a base cultural”, frisa Priscila, que ao longo da sua profissão também fez especialização em Terapia Cognitivo-comportamental e vários outros cursos.


A egressa da URI também é co-fundadora do Movimento de Mulheres Indígenas: GT Guarita Pela Vida, que busca o empoderamento de mulheres indígenas no enfrentamento das violências.


Em 2022, diante de sua trajetória em defesa dos direitos dos povos indígenas e na luta por uma psicologia pluriversa, foi convidada por Miriam Alves, que é a presidente do CRPRS, para compor a chapa que é a atual gestão da autarquia. “Foi muito marcante, ter sido indicada por referências nacionais a ser a primeira indígena psicóloga conselheira do Rio Grande do Sul e estar ao lado de outras pessoas indígenas que estão como conselheiras dentro do Sistema Conselhos de Psicologia. Não somos apenas números, mas atuamos em um espaço de autarquia levando para discussão o bem viver dos indígenas, que são 305 povos em todas as regiões do país”, salienta.


A nova função

Conforme Priscila, estar na vice-presidência do Conselho representa a luta histórica dos povos indígenas e o fortalecimento de uma psicologia com lugar a todas as pessoas. “Essa conquista não é apenas minha, mas de todos que já sonharam com isso. A psicologia possui um compromisso ético e político com os povos indígenas e seguirei caminhando em consonância com a minha base e que a força ancestral nos direcione”, expressa.

 

A escolha do curso

O que levou Priscila a optar por cursar Psicologia é o fato de que esta profissão está envolvida com o cuidado. “Ingressei também com a missão de retornar para meu território indígena para poder cuidar do meu povo, aliando com as linhas de cuidado que já existem, baseando-me em um trabalho de muito respeito. Consegui acesso na universidade através do PROUNI, com bolsa de 100%”, conta a egressa.


– Ter me formado na URI foi extremamente importante. Tenho uma história na universidade, sendo a primeira indígena a se graduar em Psicologia. Espero que outros indígenas também possam trilhar caminhos nesta universidade, demarcando com muita força e coragem este espaço, principalmente no curso de Psicologia e tantos outros que podem auxiliar para o bem viver dos povos indígenas – finaliza Priscila.