Entrevista com David Foster: “Se a cultura é instrumento para a ditadura, é também para a democracia”

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Laísa Bisol - Assessoria de Comunicação - URI/FW
12/06/2015

David Foster foi o conferencista que ministrou a palestra de encerramento do Sinel, na quinta-feira, dia 11. O pesquisador ocupa cadeira de docência e pesquisa em Letras Hispânicas e Estudos da Mulher e do Gênero da Universidade do Estado do Arizona. É autor de Ensaios sobre culturas homoeróticas latinoamericanas (2009) e Gender and Society in Contemporary Brazilian Cinema (1999), entre outros.


Confira a entrevista concedida pelo autor à Assessoria de Comunicação da URI-FW e demais veículos de comunicação, durante coletiva de imprensa:

 


- Toda sociedade funciona dentro de uma estrutura dinâmica na qual existem os grupos excluídos, como os negros, os homossexuais ou os sujeitos de desejos homoeróticos, por exemplo. Neste contexto atual, e no cenário latino-americano, ainda há uma dinâmica social moderna bastante rígida com relação a estes grupos identitários?


Sim, pois as coisas não mudam da noite para a manhã. É um longo processo. Mas ao mesmo tempo a vida sempre tem surpresas, porque tudo que está acontecendo nos Estados Unidos enquanto direitos os gays, por exemplo, é algo dos últimos sete anos, e realmente nós que temos compromisso com isso temos ficado um pouco apavorados, temos passado de parte de uma marginalidade a ser um foco de interesse para o público norte-americano, porque agora uma porcentagem maior apoia os chamados direitos gays, nos EUA.  Então esta é uma mudança social bem importante, exatamente como está funcionando esta mudança, mas faz parte de todo um movimento de enormes mudanças na vida norte-americana após a Segunda Guerra Mundial. Mas eu sempre digo para os estudantes, em termos do racismo ou da homofobia, ou do sexismo, temos ganhado muito, mas nem toda batalha está ganha. Temos que ter muito cuidado de não ficar entusiasmados demais com as mudanças, porque quem sabe até que ponto as mudanças vão ser permanentes. Esperamos que sim, mas há muita luta pela frente.

 


- Quais seriam as principais iniciativas nos países, para incluir os grupos dos excluídos, nessa dinâmica social moderna?


Isso varia segundo os países. Por exemplo, a Argentina sempre foi um país muito machista como o Brasil, mas o fenômeno da ditatura foi de uma enorme perseguição a homossexuais, por exemplo, como parte de uma ideologia militar, dando as condições de uma mudança muito significativa após a volta da democracia. Então o fato da Argentina ser o primeiro país da América Latina com uma legalização dos direitos gays, com matrimônio e adoção gay, em certo sentido, é historicamente surpreendente, em um país tão machista. Mas ao mesmo tempo é explicável como parte da reação democrática quanto a persecução contra a ditatura. O fato de a Argentina ter uma presidenta, uma mulher, também é parte disso. As condições variam segundo os países.

 


- De que forma a Literatura p

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