Palestrantes do Simpósio Afrocultura concedem entrevista

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Assessoria de Comunicação - URI
06/10/2014

O III Simpósio Afrocultura promovido pela Universidade através do Programa de Pós-Graduação em Letras e o Curso de Letras inicia amanhã, 07, na URI e se estende até o dia 09.


Renomados pesquisadores ministrarão palestras e oficinas a partir da temática central: Narrativas afro-brasileiras e indígenas, memórias e ensino. Em entrevista, alguns deles adiantaram os assuntos que serão abordados. Confira:

 

 

EDUARDO DE ASSIS DUARTE

- Qual o espaço concedido nas escolas brasileiras à literatura afro-brasileira?

Lamentavelmente, é um espaço mínimo, fruto de iniciativas individuais de professores mais conscientes de nossa diversidade cultural e literária. Apesar de termos mais de 100 autores negros com obras individuais de qualidade, este é um tópico que fica quase sempre em segundo plano, apesar das recomendações da Lei 10639/2003. Mais grave ainda é a omissão das Universidades e de seus cursos de Letras, que, em sua grande maioria, se apegam a esquemas limitados como o dos “Estilos de Época”, só estudam os chamados “grandes autores” e não preparam os futuros professores para a aplicação da lei.



- Que implicações há na formação do cidadão quando a este não é dada a oportunidade de conhecer a cultura afro-brasileira?

Implica construir uma formação incompleta e equivocada, que leva a uma cidadania igualmente equivocada quanto a direitos e deveres de todos nós frente à diversidade social e cultural em que vivemos. O respeito ao Outro enquanto cidadão implica reconhecer nele alguém que é diferente em seus hábitos e opções culturais, mas que é igual a qualquer pessoa enquanto brasileiro que paga os mesmo impostos e tem os mesmos direitos e deveres. Quando a escola evidencia aos seus alunos que, por exemplo, Machado de Assis – nosso mais genial escritor de todos os tempos – era negro, ela está reconhecendo, valorizando e ensinando que o negro é um elemento importante para a cultura letrada do nosso país e não apenas para a música, o futebol ou o carnaval. Quando isto não acontece, predomina a visão excludente, que rebaixa, desvaloriza e não vê lugar para o negro no mundo da cultura. Daí ao preconceito e ao racismo a distância é mínima.



Quais são os principais entraves para o ensino da Literatura afro-brasileira nas escolas?


Nas universidades, a força da tradição ocidental leva ao não reconhecimento do valor estético de obras situadas às margens do cânone estabelecido pelas histórias da literatura. Com isto, ignoram-se tais contribuições, relegando-as a uma espécie de limbo cultural que impede sua difusão o que, na prática, “mata” esses textos ao excluí-los da literatura brasileira. No ensino fundamental e médio, a questão é mais complexa ainda, pois é a literatura como um

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