Professor do PPGEdu da URI desenvolve pesquisa de pós-doutorado na Espanha
O docente realizou atividades na Universidad de Granada, com foco em crianças migrantes e refugiadas

O doutor Adilson Cristiano Habowski, docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEdu) da URI, entre fevereiro e maio de 2025, realizou atividades de pós-doutorado no Instituto de Migraciones da Universidad de Granada (UGR), na Espanha, com ênfase nas experiências de crianças em situação de migração e refúgio. A experiência internacional foi apoiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), por meio de Chamada Pública voltada à internacionalização de pesquisas de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação no Exterior Sênior (DES).
A etapa internacional integra o projeto de pós-doutorado em andamento no Brasil, vinculado à Universidade La Salle (PDJ/CNPq), sob a supervisão do professor doutor Cleber Gibbon Ratto. O estudo está inserido no Grupo de Pesquisa Cultura Contemporânea, Sociabilidades e Práticas Educativas (DGP/CNPq), coordenado pelo professor Cleber, com o professor Adilson como vice-líder. O foco central da investigação é a análise do sofrimento psicossocial vivenciado por crianças em situação de mobilidade forçada, com o objetivo de desenvolver tecnologias sociais voltadas à promoção da saúde e da qualidade de vida por meio da educação.
Segundo o professor do PPGEdu a mobilidade internacional representou uma oportunidade singular de imersão em um contexto intercultural marcado por intensos fluxos migratórios, o que proporcionou o contato com diferentes práticas institucionais de acolhimento, bem como com redes de proteção social voltadas a crianças em situação de refúgio.
Granada
A cidade de Granada, localizada na região da Andaluzia – Sul da Espanha –, foi escolhida por ser um dos territórios com maior efervescência migratória. Além de sua localização estratégica, abriga instituições de referência voltadas à produção científica e à defesa dos direitos humanos de populações deslocadas, como o Instituto de Migraciones da UGR.
Granada é marcada por uma rica diversidade cultural, resultado de uma história milenar presente em sua arquitetura, gastronomia, religiosidade e tradições. Herdeira das culturas islâmica, judaica e cristã, a cidade abriga representações culturais como a Alhambra (palácio-fortaleza mourisco do século XIII), o Generalife (jardins do palácio) e o bairro medieval de Albaicín – todos reconhecidos como Patrimônio Mundial da UNESCO. A tradição mourisca, andaluza e mediterrânea se reflete também na culinária local e no flamenco, expoente artístico e musical da região. Durante a Idade Média, Granada foi um importante centro de aprendizado e cultura, culminando na fundação da Universidad de Granada, em 1531, uma das mais antigas e prestigiadas da Espanha.
A cidade abriga dezenas de programas voltados ao acolhimento de migrantes e refugiados, envolvendo iniciativas públicas, organizações não governamentais, projetos sociais e programas de voluntariado, tanto locais quanto internacionais. Esses espaços atuam diretamente no atendimento, abrigo, formação e inclusão educacional dessas populações. Durante a estadia, o professor desenvolveu diversas atividades em muitos desses contextos, ampliando sua compreensão sobre estratégias de acolhimento e práticas interculturais implementadas na região.
Próximos passos
Com base nas investigações realizadas, o projeto prevê ainda uma etapa posterior de formação continuada de docentes no Brasil, buscando refletir criticamente sobre práticas escolares interculturais e desenvolver tecnologias sociais no campo da Educação. “A pergunta central que nos guia é: afinal, do que sofrem e o que desejam essas crianças? Escutá-las é condição fundamental para pensarmos práticas pedagógicas comprometidas com o acolhimento e a dignidade humana”, destaca Adilson.
Ele também enfatiza que a educação é um dos poucos espaços institucionais capazes de gerar sentidos de pertencimento, especialmente para populações que vivem o desenraizamento. “Por isso, mais do que conteúdos, ela precisa oferecer vínculos, escuta e reconhecimento”, frisa o pesquisador.
A URI
O estudo reforça o compromisso da URI com uma formação acadêmica sensível às problemáticas sociais contemporâneas e voltada à internacionalização da produção científica. O docente anunciou ainda o lançamento, em breve, de dois volumes do livro “Vidas em trânsito: experiências infantojuvenis de migrantes e refugiados”, que reúnem diversas pesquisas sobre o tema. As obras contarão com prefácios assinados por professores do Instituto de Migraciones da Universidad de Granada, evidenciando a relevância e o alcance internacional do trabalho.
Essa experiência desdobra-se agora em ações de cooperação acadêmica, como coorientações de pesquisa, seminários conjuntos, publicações científicas em parceria e o fortalecimento de redes colaborativas entre universidades ibero-americanas, contribuindo para o avanço dos estudos sobre infâncias em contextos de mobilidade forçada.